Indigenous Brazil

Princeton University

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Os Guajajara: Gênero e Sociedade

 

Essa semana, a conferência intitulada She Roars vem para Princeton. Durante três dias, mulheres de todo o país virão para a universidade para discutirem a condição do sexo feminino no mundo contemporâneo. Por isso, para continuar a discussão sobre esse tema, eu decidi pesquisar o papel do gênero na comunidade Guajajara, principalmente em um contexto sociopolítico.

Uma propaganda feita para o evento

Como a maior parte das outras tribos na região, os Guajajara sustentam uma divisão marcada entre homem e mulher no campo do trabalho. Embora existam algumas ambiguidades, certas atividades, como a caça e a preparação ritual, continuam reservadas aos homens, enquanto alguns papeis tipicamente considerado “femininos” são cumpridos pelas mulheres. Interessante, muitas responsabilidades agrícolas pertencem a esse segundo grupo; enquanto os rapazes caçam, as senhoras normalmente tratam do cultivo das colheitas, os dois gêneros trabalhando para a subsistência.

Um campo na Terra Indígena de Lagoa Comprida

Uma dinâmica de poder parecida existe no campo político também. Os homens e os meninos, regularmente, recebem mais educação, os mentores mais experientes, e a vasta maioria das oportunidades para participarem na supervisão e liderança de suas aldeias. Entretanto, esse caso, talvez previsível, tem levado algumas mulheres Guajajara a procurarem alguma agência fora de sua tribo, como  Sônia Guajajara. Sônia estudou em um colégio agrícola em Minas Gerais, e foi uma candidata`a vice-presidência do Brasil. Obviamente, nem todas as mulheres Guajajara podem seguir o mesmo caminho que a Sônia. Mas permanece um caso interessante porque mostra, de certa forma, o poder e a criatividade da mulher indígena ao enfrentar uma sociedade infelizmente patriarcal.

Sónia Guajajara, a mulher mencionada acima

Referências para fotos:

  1. https://is1-ssl.mzstatic.com/image/thumb/Music128/v4/ec/5c/5d/ec5c5d6f-e4aa-82be-b258-988fd255f1f6/source/600x600bb.jpg
  2. https://img.socioambiental.org/d/210570-1/guajajara_3.jpg
  3. https://pbs.twimg.com/media/DlJEI5cXcAAufrb.jpg

Os Guajajara: Uma Introdução

 

Este semestre, eu tive o prazer de trabalhar com o povo Guajajara, uma comunidade indígena que mora principalmente no nordeste do Brazil. Este povo, com mais de 27.616 membros (segundo a um estudo feito em 2014), vive numa série de 11 Terras Indígenas no estado de Maranhão. Na realidade, a vasta maioria da sua população (~85%) vive em só três Terras: Araribóia, Bacurizinho e Cana-Brava.

Uma familia Guajajara na aldeia de Cana Brava

A palavra Guajajara, o nome da sua comunidade e da sua língua, tem uma origem antiga e desconhecida. Segundo a alguns expertos, ela significa “os donos do cocar.” O cocar é uma espécie de enfeite para a cabeça muito importante na sua cultura, um símbolo entre milhares da riqueza da sua tradição. Outra indicação desta profundez é a sua língua do mesmo nome; ela pertence à família Tupi-Guarani e é tão importante na sua cultura que os Guajajara a chamam de ze’egete, ou “fala boa.”

Um exemplo dum cocar tradicional

Apesar de todos estes elementos, entretanto, o aspecto desta comunidade mais interessante é a sua história, principalmente do seu contacto com os europeus. Depois dum encontro inicial em 1615, a comunidade começou a ser ameaçada por grupos de traficantes de escravos portugueses e missões que tinham a intenção de “branquear” o seu povo. Estas interações levaram à Revolta de 1901, uma série de batalhas entre os Guajajara e a população branca na qual morreram mais de 100 indígenas.

Cauiré Imana foi o cacique Guajajara durante a Revolta de 1901.

Referências para fotos:

  1. https://pib.socioambiental.org/en/Povo:Guajajara
  2. https://picsart.com/i/sticker-cocar-india-230420659046212
  3. https://www.estantevirtual.com.br/livros/olimpio-cruz/cauire-imana-o-cacique-rebelde/4270416790

Kuntanawa: Uma Cultura em Reconstrução

O grupo Kuntanawa é um povo indígena que sobreviveu a perseguição no século XX.  Hoje existem cerca de 400 membros no total, mas nem todos vivem juntos, e o grupo mais concentrado vive perto do rio Tejo, na Reserva Extrativista do Alto Juruá , no Estado do Acre.

Essa reserva foi criada também para os seringueiros da área. Então,  há conflito entre eles e o povo Kuntunawa porque vivem tão pertos. Crianças indígenas são maltratadas nas escolas por serem índios e “escuros,” e caçadores atuam no território designado como indígena. Assim,  o grupo pede pela demarcação de seu território.

Mas a demarcação apenas não resolveria todos os problemas do grupo; após a perseguição sofrida no século XX, o grupo Kuntanawa perdeu muita de sua cultura,  especialmente a língua indígena e os seus vários rituais. Hoje, eles falam todos o portugês e apenas os mais velhos e xamãs falam a língua indígena. O uso de rituais também diminuiu, como o uso do pó sagrado chamado rapé ,que purifica o corpo. Além disso, os sobreviventes não tinham lugar para viver.

No entanto, o grupo preservou-se e, hoje, é um cultura em reconstrução. Eles pediram ajuda de outros povos do Acre, e aprenderam ou continuaram os costumes que tinham perdido, incluindo o uso do rapé e também o uso da bebida sagrada, ayahuasca, assim como várias formas de danças ritualísticas. Os mais velhos do grupo estão ensinando o que sabem da língua indígena para as crianças, e é comum ouvir o idioma em muitos dos rituais hoje em dia. Mas para reconstruir a cultura Kuntanawa do passado é necessária a demarcação do seu território.

Esse é de fato um problema que quase todos os povos indígenas afrontam, e é verdade que alguns já tiveram sucesso, especialmente os grupos maiores, mas grupos pequenos como o Kuntanawa não têm uma voz tão poderosa, e é difícil receber o reconhecimento do governo. Em  2013, eles se juntaram a vários outros povos indígenas do Acre, e escreveram uma carta dirigida ao público dizendo que o governo brasileiro não está respeitando os direitos dos índios, e que estão destruindo a floresta e usando os seus recursos sem limites. Pediram pela demarcação imediata de suas terras e a ação das Nações Unidas.

O problema da demarcação  continua até hoje. Em 2017, a Justiça Federal, em Cruzeiro Sol, deu ganho ao grupo Kuntanawa, e deu ao governo 24 meses para demarcar o território; e aqui estamos, hoje,  e nada foi feito. Além disso, com Jair Bolsonaro como presidente, não parece que o grupo Kuntanawa vai ter sorte, mas, de toda maneira,  a luta continua, e os Kuntanawa não vão parar até terem seu território reconhecido.

Kuntanawa: O Povo do Coco Fotos

Um exemplo do ritual do rapé onde se inala o pó espiritual pelo nariz.

Uma versão do ritual da dança Kuntunawa

O pó de rapé numa jarra sendo preparado para ser usado.

Haru Kuntanawa, o líder do povo Kuntanawa.

Outro exemplo do ritual de rapé.

Haru Kuntanawa come xamãs e outros do povo no ritual da Ayahuasca.

Uma foto da aldeia do povo em um ritual.

Outra foto de parte do terreno  Kuntanawa no  Alto Juruá.

 

Fontes:

Kuntanawa • Sansarah

https://katukina.com/doc/kuntanawa-tribe

https://www.twgram.me/tag/kuntanawa/

https://www.websta.org/catherineadunni

O uso do rapé

https://entheonation.com/author/lornaliana/

https://uc.socioambiental.org/en/uso-sustentável/upper-juruá-resex-conservation-acquires-a-local-meaning

https://hiveminer.com/Tags/desana/Recent

Poema Totem

Poema Totem de Andre Vallias

O poema Totem de André Vallias serviu como guia inicial do curso.  Cada estudante escolheu, ao acaso, um dos nomes dos povos indígenas do Brasil para pesquisar e escrever sobre. O resultado dessa pesquisa está reunido neste site.

POEMA TOTEM: transcrição do poema com todos os nomes

Sou guarani kaiowá
munduruku, kadiwéu
arapium, pankará
xokó, tapuio, xeréu

yanomami, asurini
cinta larga, kayapó
waimiri atroari
tariana, pataxó

kalapalo, nambikwara
jenipapo-kanindé
amondawa, potiguara
kalabaça, araweté

migueleno, karajá
tabajara, bakairi
gavião, tupinambá
anacé, kanamari

deni, xavante, zoró
aranã, pankararé
palikur, ingarikó
makurap, apinayé

matsés, uru eu wau wau
pira-tapuya, akuntsu
kisêdjê, kinikinau
ashaninka, matipu

sou wari’, nadöb, terena
puyanawa, paumari,
wassu-cocal, warekena
puroborá, krikati
ka’apor, nahukuá
jiahui, baniwa, tembé
kuikuro, kaxinawá
naruvotu, tremembé

kuntanawa, aikanã
juma, torá, kaxixó
siriano, pipipã
rikbaktsá, karapotó

krepumkateyê, aruá
kaxuyana, arikapu
witoto, pankaiuká
tapeba, karuazu

desana, parakanã
jarawara, kaiabi
fulni-ô, apurinã
charrua, issé, nukini

aweti, nawa, korubo
miranha, kantaruré
karitiana, marubo
yawalapiti, zo’é

parintintin, katukina
wayana, xakriabá
yaminawá, umutina
avá-canoeiro, kwazá

sou enawenê-nawê
chiquitano, apiaká
manchineri, kanoê
pirahã, kamaiurá

jamamadi, guajajara
anambé, tingui-botó,
yudjá, kambeba, arara
aparai, jiripancó

krenak, xerente, ticuna
krahô, tukano, trumai
patamona, karipuna
hixkaryana, waiwai

katuenayana, baré
menky manoki, truká
kapinawá, javaé
karapanã, panará

sakurabiat, kaingang
kotiria, makuxi
maxakali, taurepang
aripuaná, paresi

iranxe, kamba, tuxá
tapirapé, wajuru
mehinako, kambiwá
ariken, pankararu

sou guajá, djeoromitxi
koiupanká, tunayana
ikolen, dow, wajãpi
amawáka, barasana

kubeo, kulina, ikpeng
ofaié, hupda, xipaya
suruí paiter, xokleng
tupiniquim, kuruaya

zuruahã, galibi
tsohom-dyapa, waujá
xukuru, kaxarari
tuyuka, tumbalalá

borari, amanayé
hi-merimã, aikewara
kujubim, arikosé
arapaço, turiwara

kalankó, pitaguary
shanenawa, tapayuna
coripaco, kiriri
kaimbé, kokama, makuna

matis, karo, banawá
chamacoco, tenharim
tupari, krenyê, bará
wapixana, oro win

sateré mawé, guató
xetá, bororo, atikum
ye’kuana, tiriyó
canela, mura, borum

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