As noticias da década de 1990 sobre o direito das pessoas brancas visitarem o grupo indígena Zo’é  evidencia a continuação do sistema tutelar, ou, pelo menos, do paternalismo. Como grupo de recém contato, é natural que o público ficasse interessado nos Zo’é por muitas razões: pesquisa cientifica, jornalismo, turismo, e missão religiosa. Por causa de um surto de doenças, que recebeu muita cobertura da mídia, a Funai expulsou a Missão Novas Tribos, que tinha iniciado o primeiro contato com os indígenas das aldeias Zo’é. Desde então, a Funai colocou um agente para controlar quem contactasse este povo.

Por exemplo, em 1996, um casal de estrangeiros entrou na aldeia sem autorização. Eles foram denunciados à polícia federal, antes de serem interrogados e, finalmente, deportados. O casal de médicos alegou que tentou durante um mês entrar na aldeia, mas não conseguiu o aval da Funai naquele momento.

No entanto, a atitude da Funai para com estrangeiros não é igualitária. O órgão autorizou a entrada de emissoras de televisão, que pagaram pelo direito de filmagem. A Funai afirmou que cobra preços, dependendo do tipo de documentário. Ironicamente, a Fundação tinha declarado que pretendia iniciar um projeto de descontato para que os Zo’é pudessem garantir sua independência.

Para críticos da Fundação, essa prática parece um circo que leva vantagem dos indígenas.  O vereador do município de Oriximiná denunciou, em 1998, a Funai pela negligencia e pelo tratamento dos Zo’é como ‘peças de museu’ para entreter estrangeiros. Segundo essa fonte, “missionários e os índios Wai-Wai, que tentam socorrê-los [os zo’é]” são interditados de entrarem na aldeia. Estes eventos levantam perguntas sobre quem tem o direito de representar um povo indígena e fazer decisões em seu nome. Grupos de contato recente são efetivamente tratados como crianças ingênuas, que precisam da guarda do governo porque não conhecem o suficiente para lidarem sozinhos com o mundo exterior. Também devemos considerar a que ponto a curiosidade publica torna-se invasiva, a ponto de atrapalhar a vida de povos com culturas “exóticas”.