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Sobre “A Arca dos Zo’é” de Vincent Carelli

Em 1993, Vincent Carelli lançou um documentário sobre os Zo’é  intitulado “A Arca dos Zoé”. Este vídeo mostra um representante do povo indígena Waiãpi conhecendo os Zo’é. Através da gravação, os dois povos se conhecem. Ao contrário de relações típicas entre os Zo’é e estrangeiros brancos, esse encontro mostra um verdadeiro intercâmbio de tradições e informação prática entre aliados. Os Waiãpi viajam até a aldeia Zo’é para  ensinarem sobre o mundo de fora, como o uso de roupas na cidade  e o uso de tecnologias como ferramentas de metal. O representante admira-se com o estado completamente isolado dos Zo’é. Ele expressa nostalgia ao conhecer índios intactos, e diz: “são como no tempo do criador.” Em comparação com a terra dos Waiãpi, os Zo’é aproveitam de uma mata intacta, com rios limpos. Andam nus e não têm medo de garimpeiros porque são os únicos na região. O homem Waiãpi pergunta porque eles usam o poturo, o pau no beiço, e eles explicam que foi o criador que lhes ensinou assim. Ele aprende com os Zo’é os seus hábitos e métodos de caça. Por exemplo, eles  ensinam como atrair a anta, e ele responde “isto meus ancestrais não conheciam.” Depois de matar a anta, ocorre um ritual no qual o jovem coloca as mãos em uma vasilha cheia de formigas. Eles também colocam formigas em uma faixa no corpo de um garoto para que ele se torne um bom caçador. Esse projeto mostra grupos indígenas reunindo-se para apoiar uns aos outros, criando solidariedade e uma rede de conexão. O filme introduz a ideia de deixar um povo com mais experiência mediar o contato entre um povo isolado e a “civilização”.

Violência Com Resistência

Esse grupo de artigos se diferenciam porque, embora falem das violências cometidas contra os Kaingang, eles incluem as vozes e as histórias de resistência Kaingang.

 

Foto: Jerônimo Rubim / Arquivo Pessoal

 

Povos indígenas fazem maifestação po Casa de Passagem em Florianópolis 

Essa reportagem enfoca a resistência de indígenas Kaingang, em Florianópolis, em sua luta para criarem uma Casa de Passagem, que disponibilizaria recursos para indígenas recém chegados na cidade.

 

Estudantes indígenas reivindicam melhores condições na UFSM

Essa publicação compartilha as dificuldades que atingem estudantes Kaingang quando vão parao  Ensino Superior, e também dá voz aos Kaingang mostrando o o que precisa acontecer para melhorar a sua situação.

Recriando Violência

Nos artigos abaixo,  vê-se como a imprensa  alimenta a opressão dos Kaingang ao falarem da “extinção do índio”.

 

Aviso: imagens gráficas/ tortura

Polícia Militar agride e tortura famílias Kaingang no Rio Grande do Sul

Famílias Kaingang são espancadas pela Polícia Militar em Passo Fundo, RS

Ambos artigos compartilham um relato oficial sobre atos violentos da Policia Militar cometidos contra famílias Kaingang em Passo Fundo, RS, quando decidiram ocupar terras tradicionais. Esses artigos também incluem imagens das consequências corporais desses ataques.

Grupo Kaingang preso no norte do RS é solto por ordem do STJ; Cimi denuncia arrendamentos

Esse artigo descreve os acontecimentos ao redor de uma detenção infundada de um grupo de lideres Kaingang. Essas detenções são apenas um dos modos com que a opressão de povos indígenas se manifesta no Brasil.

Uma missa para o curumim degoladoe

Essa é um reportagem, com uma linguagem prejorativa, sobre o assassinato de um menino Kaingang de dois anos.

Índios Kaingang buscam melhores condições de vida

Esse artigo, que busca explicar as dificuldades que afetam povos indígenas quando migram para cidades, mantém a representação do “índio pobrezinho” .

Minésterio Público pede a retirada de famílias indígenas de fundo de vale em Londrina

Esse artigo relata a violência governmental contra famílias Kaingang no processo de auto-demarcação de terra.

Criança Kaingang de dois anos morre após ser atingida por roda de carro no RS 

Essa publicação fala do atropelamento de um menino Kaingang como um evento sem intenção, ocultando o fato de que atropelamentos são uma pratica contínua.

Artigos sobre os Kaingang

Kaingang

Esta pagina oferece uma coleta de informação geral sobre os povo Kaingang.

Kaingang Territories and Territorialities: The Postconquest Reinvention of Spaces and Forms of Survival 

O texto acadêmico, escrito em inglês, mostra como a vida dos Kaingang teve de se adaptar ao colonialismo.

Os Kaingang, o povo do curumim assassinado, em eterna fuga 

Esse artigo oferece um amplo contexto histórico através da história do assassinato de Vitor, um menino de dois anos, e sua comunidade em Condá.

Contando a Historia dos Indígenas no Brasil

Até que ponto é considerada a história indígena no Brasil? Quando pensamos no papel histórico dos indígenas após a chegada e conquista dos portugueses, notamos as várias formas de exploração: como escravos, como convertidos submissos, como um grupo em luta constante pelos direitos pela própria terra, cultura, e independência. Assim, nessa perspectiva é fácil ver que eles têm ocupado historicamente uma posição marginalizada. No entanto, essa posição de marginalização também inclui a história nacional. Como é narrada a ‘história nacional’” A marginalização histórica do indígena manifesta-se da seguinte forma: na narrativa histórica nacional, o indígena nunca é considerado um agente independente. Eles podem ter todos os papeis históricos já mencionados, que sempre os situam como vítimas de poderes avassaladores, mas nunca  como atores com vontade própria, que também redefiniam e redefinem a nação e o ambiente.  Essa marginalização tem consequências graves para os indígenas no Brasil: primeiro, quando a vontade própria dos indígenas no Brasil é esquecida,  sãoigualmente esquecidos os seus direitos. Colocado de outra forma, não é preciso levar em consideração as necessidades de quem ‘não tem’. Segundo, faz parte de um processo geral de esquecimento, um fato que leva qualquer povo a repetir os mesmos erros do passado. Assim, contar a história dos Parintintim e de outros grupos indígenas segundo sueas perspectivas  é um aspecto importante na procura para um projeto nacional satisfatório, e um aspecto necessário para este ser um material de maior riqueza didática.

 

 

Um vislumbre do quotidiano dos Parintintim

https://www.youtube.com/watch?v=N6dfOHPG1sM

Nesse vídeo, somos introduzidos à vida quotidiana dos Parintintim. Nas primeiras imagens, conseguimos ver o ambiente em que vivem – perto do Rio Madeira, ao lado da floresta Amazônica, em casas que parecem uma mistura entre o modo indígena e o moderno: tetos de palma e janelas de vidro, chão de terra e paredes de tijolo, para dar um exemplo. Nas próximas cenas, vemos os Parintintim reunidos em roda no espaço aberto no chão de terra que fica entre as casas. Ali, participam de uma manifestação cultural – uma dança nativa, que utiliza paus e flautas em sincronia entre as dezenas de jovens parintintim. Além disso, observamos meninos brincando no rio, famílias conversando  e imagens da utópica floresta amazônica. Mas entre estas imagens da comunidade no dia a dia, há comentários sobre o status dos Parintintim no Brasil atual. Nesses comentários, muitos membros da comunidade falam da possível perda da cultura no transcurso do tempo. Com cada nova geração, um dos entrevistados comenta,  vão se perdendo os costumes e a língua dos Parintintim. Porém, os membros da comunidade não  esperaram simplesmente que isto aconteça,  e lutam contra esta possibilidade, acreditando na ideia de preservar a cultura  na forma da língua e dos costumes de geração a geração, e, ao mesmo tempo, formando parte do novo Brasil globalizado. Desta forma, o vídeo oferece uma breve perspectiva sobre o status dos povos indígenas atuais, que mesmo tendo a cultura ameaçada no mundo moderno, lutam por preservar os diversas e ricos costumes que formam parte do seu quotidiano.

 

Problemas de acesso a recursos dos Parintintim

Uma questão que atinge tanto os Parintintim quanto os outros grupos indígenas no Brasil é o acesso a recursos. No livro “Povos Indígenas no Brasil 1987/88/89/90”, os autores dão a conhecer os limites da terra dos Parintintim e os problemas associados com estes limites. Naquele tempo, os Parintintim estavam separados em duas áreas indígenas : o AI Ipixuna e o AI Nove de Janeiro. É importante assinalar que nesses anos, as AI não tinham demarcação física e, além disso, o único posto da Funai perto dessas áreas era o do PI Humaitá, longe das duas áreas indígenas dos Parintintim. Esse problema facilitou a invasão das terras indígenas por regatões e madeireiros, que não encontraram barreiras físicas para invadir a area. Para terem acesso a recursos como serviços médicos, educação, e ajuda em geral, eles teriam de viajar longe do território. No AI Ipixuna, o problema mais grave era a distância entre o AI e o centro da Funai, muito distante. O AI Nove de Janeiro, estando mais perto geograficamente do posto da Funai, viviua em conflito com os pescadores e a falta de comida. Atualmente, levando em consideração a postura  do governo com respeito aos direitos indígenas (negligência),  a situação dos Parintintim segue sendo precária.

Resumo sobre os laços sociais dos Parintintim

Os Parintintim, mesmo sendo um grupo indígena relativamente pequeno, representam aspectos importantes, que são compartilhados entre várias etnias distintas da região. Um exemplo  é a composição social do grupo. Na tribo Parintintim, o casamento entre duas pessoas consolida-se no ritual da menarca (que acontece na primeira menstruação da menina),quando a menina pode casar-se com o primo “cruzado”. Isso se associa ao direito do irmão da mãe do filho que casou de nomear a criança. Assim,  fortalecem-se os laços entre as várias famílias que compõem a tribo, fato que realça a natureza comunitária desses grupos indígenas pequenos. Similares atributos podem ser observados em outros grupos no estado do Amazonas.

Outro aspecto importante  é o parentesco. Entre eles, existem “metades patrilineares exogâmicas”, que refere a um relacionamento no qual famílias se unem a partir de laços feitos entre os homens ou lideres patrilineares, que procuram essa união das famílias através do casamento com uma pessoa de um grupo “exogâmico” (essencialmente, étnico) distinto. Esse estilo de liderança patrilinear  aparece  em varias outras tribos da região. Pode-se pensar que esse estilo de casamento exogâmico foi também uma forma de restringir o casamento entre primos diretos.

Introdução aos Parintintim

Os Parintintim são um grupo indígena de aproximadamente 480 pessoas, morando atualmente no estado do Amazonas, especificamente, na região superior do Rio Madeira e da Rondônia Central. Baseado na herança linguística deste grupo, supõe-se que os antepassados dos Parintintim povoavam a área ao redor do rio Tapajós, mas, nos anos que antecederam sua “pacificação” (1922-3), eles moravam ao leste do rio Madeira, ao norte do rio Ipixuna e Maicí, e ao sul da boca do Machado.

Ainda que eles sejam conhecidos pelo nome Parintintim, eles se autodenominam  “Kagwahiv”,  que significa “nosso povo”. A língua dos Parintintim pertence ao grupo de línguas Tupi-Guarani, mesmo se existem dois diferentes dialetos dessa língua.

Um dos aspectos mais interessantes da cultura Parintintim é o mito de criação, que ocupa lugar central na sua visão cosmológica. A estória conta de Pindova’úmi’ga, um xamã poderoso, que foi o criador do povo do céu. Na procura de um lugar para habitar, o xamã procura o rio, uma árvore debaixo da terra, mas encontra todos os lugares ocupados; como resposta, ele cria um lar no segundo nível do céu, e traz a terra mais fértil, da qual gozam seus filhos, que vão formando parte do povo do céu. Considerando essa estória, pode-se observar a importância do xamanismo nas crenças espirituais do povo Parintintim, e também a importância da natureza na sua vida.

Os Zo’é

O povo Zo’é mora perto do rio Cuminapanema, no norte do Pará. Sua população é de cerca de 300 pessoas. Eles são um dos últimos povos ainda “intactos” na Amazônia. Continuam vivendo em um estado de isolamento, mas convivem com alguns agentes do governo.

O sistema social dos Zo’é e descentralizado, dando autonomia a cada grupo local ou aldeia. Eles se sustentam de caça, pesca, e do cultivo de macaxeira.

Antigamente, os Zo’é foram chamados de “Poturu”, por ser a palavra que eles usavam  quando alguém apontava para eles. Na verdade, a palavra “poturu” refere-se a seus adornos labiais feitos de madeira. “Zo’é” significa “nós”, na sua língua, que pertence à família Tupi-Guarani. Segundo a Funai, os Zo’é não têm uma palavra para distinguir explicitamente seu grupo étnico. Apenas classificam-se em contraste com os brancos e grupos inimigos, mas não entre grupos indígenas vizinhos.

Houve várias tentativas de contato, entre os anos 1982 até 1987, quando missionários evangélicos construíram uma base chamada Esperança. Essa missão teve uma relação conflituosa com a Funai, que eventualmente  expulsou-lhes da área.

Conflito entre o interesse público e o privado prejudica os Zo’é

Pensando no atual conflito entre a responsabilidade das organizações públicas e das empresas privadas na barragem de Belo Monte, podemos perceber uma situação paralela durante o primeiro contanto entre brancos com a nação indígena Zo’é. A Funai, que originalmente pretendia preparar os Zo’é, antes da construção de uma rodovia, decidiu adiar esse projeto quando a obra foi cancelada porque não havia mais ameaça para o povo.

Assim, este primeiro encontro foi realizado por missionários evangélicos norte-americanos. Os missionários comunicaram  a Funai, em 1982, sobre suas ações. Porém, como muitas outras histórias de contato, logo depois os Zo’é pegaram doenças como gripe, malária, e tifo. Essa epidemia só recebeu atenção da imprensa, em 1989, quando um sertanista visitou os Zo’é, e fez a denúncia. Fontes diferentes acusam a Funai ou a Missão de serem culpados pela morte de metade da população Zo’é inicial. A Funai aponta o dedo para a Missão, alegando que ela desrespeitou sua autoridade, e que tomou uma atitude de negligência quanto à saúde dos indígenas. A imprensa também desconfia da confiabilidade dos dados sobre a mortalidade Zo’é, providenciada pela Missão.

Apesar disso, o sertanista só completou a viagem por causa de um relato dos norte-americanos. Por sua vez, a Funai demorou anos para monitorar a situação e mandar vacinas. No final das contas, nenhuma das duas organizações, uma governamental e uma privada, sentiram a obrigação de proactivamente proteger a saúde do grupo de recém contato. A competição entre a Funai e a Missão também gerou uma corrida para contatar grupos isolados, o mais rapidamente possível, para prevenir “interferência” de outros brancos representantes da vida ocidental. Isso representa uma mudança de paradigma da política. Antes, o contato só deveria ser feito se fosse necessário.

https://documentacao.socioambiental.org/noticias/anexo_noticia/31039_20150701_152547.pdf

Adornos corporais, rituais, e alimentação

A maioria da noticias sobre o grupo indígena Zo’é focam em seu primeiro contato com os missionários, as doenças transmitidas por brancos, e a assistência medica que a Funai providenciou. Nesse post, quero adicionar informação sobre a cultura e modos de vida dos Zo’é .

Roupa, adornos, e cabelo:

Os Zo’é são conhecidos como “donos do poturu”, porque usam um adorno fixado abaixo dos lábios. Até agora, não conhecemos nenhum outro grupo com um adorno parecido. O poturu é um cilindro de madeira branca de 20 cm de comprimento que é colocado nas crianças aos sete anos de idade. Ele não é retirado nem durante o sono. Limpam-no com areia quando tomam banho.

As mulheres raspam uma faixa de cabelo acima da testa e colam penas de urubu-rei com resina. Também usam uma coroa feita de palha. Para os homens, é tradicional cortar o cabelo em forma de cuia ou deixar o cabelo crescer e usar rabo de cavalo. Todos andam nus, e o homens usam uma proteção no pênis.

Rituais:

Os Zo’é fazem festa nas quais que cantam, e os homens dançam até madrugada, marcando o ritmo da música com as bordunas. Eles tomam uma bebida fermentada feita de cajá-manga. Na manhã seguinte, eles praticam um ritual de vomitar, que é conhecido em outras nações também .O ritual da cura chama-se “tuari” e envolve o pajé soprando fumaça de seu cachimbo na boca do doente.

Alimentação:

A alimentação está baseada na caça e na colheita de frutas silvestres. Os instrumentos de corte são feitos de osso, pois eles não conhecem a tecnologia para trabalhar com metais. Os arcos sãos feitos de hastes de vegetal, que é um material leve e duro. Os Zo’é fabricam vários tipos de flechas especiais e sofisticadas. Por exemplo, existe uma para caçar pássaros pequenos, que é tão delicada que ela mata a ave sem perfurar o corpo.

Como eles não têm acesso a um grande rio , a pesca não faz parte da alimentação. Também cultivam roças de mandioca, milho, e uma fibra parecida com algodão para tecelagem. As mulheres cozinham o beiju, uma comida  feita de mandioca misturada com pimenta.

Tutelagem Moderna?

As noticias da década de 1990 sobre o direito das pessoas brancas visitarem o grupo indígena Zo’é  evidencia a continuação do sistema tutelar, ou, pelo menos, do paternalismo. Como grupo de recém contato, é natural que o público ficasse interessado nos Zo’é por muitas razões: pesquisa cientifica, jornalismo, turismo, e missão religiosa. Por causa de um surto de doenças, que recebeu muita cobertura da mídia, a Funai expulsou a Missão Novas Tribos, que tinha iniciado o primeiro contato com os indígenas das aldeias Zo’é. Desde então, a Funai colocou um agente para controlar quem contactasse este povo.

Por exemplo, em 1996, um casal de estrangeiros entrou na aldeia sem autorização. Eles foram denunciados à polícia federal, antes de serem interrogados e, finalmente, deportados. O casal de médicos alegou que tentou durante um mês entrar na aldeia, mas não conseguiu o aval da Funai naquele momento.

No entanto, a atitude da Funai para com estrangeiros não é igualitária. O órgão autorizou a entrada de emissoras de televisão, que pagaram pelo direito de filmagem. A Funai afirmou que cobra preços, dependendo do tipo de documentário. Ironicamente, a Fundação tinha declarado que pretendia iniciar um projeto de descontato para que os Zo’é pudessem garantir sua independência.

Para críticos da Fundação, essa prática parece um circo que leva vantagem dos indígenas.  O vereador do município de Oriximiná denunciou, em 1998, a Funai pela negligencia e pelo tratamento dos Zo’é como ‘peças de museu’ para entreter estrangeiros. Segundo essa fonte, “missionários e os índios Wai-Wai, que tentam socorrê-los [os zo’é]” são interditados de entrarem na aldeia. Estes eventos levantam perguntas sobre quem tem o direito de representar um povo indígena e fazer decisões em seu nome. Grupos de contato recente são efetivamente tratados como crianças ingênuas, que precisam da guarda do governo porque não conhecem o suficiente para lidarem sozinhos com o mundo exterior. Também devemos considerar a que ponto a curiosidade publica torna-se invasiva, a ponto de atrapalhar a vida de povos com culturas “exóticas”.

O Futuro Imaginado

Decidi agrupar esses artigos porque estão investidos no futuro dos Kaingang. As histórias compartilhas nessas reportagens são de esperança. É essa esperança que alimenta os desejos e a resistência.

 

   Foto:Cimi Sul

Povo Kaingang retoma terra tradicional em Canela (RS)

Esse artigo acompanha um grupo Kaingang que busca retomar sua terra tradicional na Floresta Nacional de Canela. O ato de ocupação para demarcação é ato que existe para o futuro.

 

 

Foto: Ivan César Cima/Cimi Regional Sul

Indígenas Kaingang realizam ato na TI Rio dos Índios, em Vicente Dutra/RS

Na cidade Vicente Dutra, um grupo Kaingang reuniu e plantou 4000 pés de araucária como modo de pressionar a FUNAI, e outros grupos governamentais, a atenderem normas de indenização na terra indígena Rio dos Índios. 

 

 

  Foto: Carlos Macedo / Agencia RBS

Guarita luta para preserva a cultura dos Kaingangs

Esse artigo relata o trabalho da liderança da Terra Indígena Guarita para certificar-se de um futuro Kaingang fundado em costumes tradicionais.

 

 

 

Reeducação Cultural

Os Zo’é foram ensinados a mudarem seus costumes tradicionais pelos missionários, que iniciaram o contato entre esse grupo indígena e o mundo dos brancos. Conforme manda a religião cristã, esse ensino envolveu práticas como usarem de roupa, viverem em casas de uma família nuclear, e praticarem a monogamia. Infelizmente, essas e outras mudanças culturais fizeram com que os Zo’é ficassem dependentes do posto do governo para receberem atenção medica e alimentação. Em 1996, quando a atual administração da Funai assumiu a responsabilidade pela aldeia, eles incentivaram os Zo’é a voltarem a seus hábitos anteriores, começando por queimarem as roupas e voltarem a caçar. Baseado em experiência com outras nações indígenas, a dependência de tecnologias e comida dos brancos tem efeitos negativos para a saúde e acabam por marginalizar esses grupos sem os integrarem na sociedade.

O estilo de suas casas é o de uma maloca coletiva sem paredes, que abriga varias famílias e seus bichinhos de estimação, como macacos, urubus, e tucanos. Apesar de não usarem roupa, uma homem Zo’é está vestido com o adorno peniano, enquanto as mulheres pintam-se de urucum e usam uma tiara de penugem de urucum.

As regras Zo’é de casamento e sexualidade são muito diferentes da cultura branca e seus tabus. Eles aão polígamos, chegando a ter um máximo de seis parceiros. A vida sexual começa mais cedo, e as futuras sogras fazem a iniciação sexual dos jovens. Em vários casos, depois do casamento, o jovem continua a ter relações com a filha e a mãe.

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