Elise Chagas
Tag: Kaingang
Olá. Me chamo Francisca Weirich-Freiberg e nasci e cresci em Newark, New Jersey. Estou no meu segundo ano em Princeton, e estou interessada nos estudos de antropologia e de português. Eu decidi fazer esta aula para ter um entendimento melhor sobre a história dos povos indígenas, que vivem na area que chamamos Brasil, com a esperança de ser mais consciente das histórias ocultas do Brasil. Este blog servirá como uma coleta das informações que aprendi sobre os Kaingang e como exercício de publicação como resistência.
“Somos paz. Somos paz. Somos paz.”
– Padre Luciano dos Santos no sepultamento de Vitor Pinto
Os Kaingang são um povo indígena composto de mais de 45.000 mil pessoas. Habitam áreas no sul do Brasil, nos estados de Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, e São Paulo . Há grupos que vivem em Terras Indígenas, outros que vivem na cidade, e também outros que ocupam lugares perto de rodoviárias em luta pela demarcação de suas próprias terras. Com tanta diversidade de vivências e um longa história de contato com os brancos (Fóg na lingua Kaingang), podemos estudar padrões de violência que são estabelecidos contra povos indígenas, e também podemos ver modos contínuos de resistência. Nesta pagina, apresento noticias diversas sobre os grupos Kaingang. Todos os artigos são da ultima década, e espero que a página ajudará outras pessoas a terem um melhor entendimento do que se passa no Brasil atual com a luta dos povos indígenas. Isso é especialmente importante frente a atual Presidência, que visa tomar posse de terras indígenas e retirar seus direitos. Os artigos estão divididos em três grupos para demonstrar as diferentes maneiras com que a imprensa lida com os Kaingang. Também incluí um post com artigos e sites, que oferecem informações básicas e históricas sobre o povo Kaingang. Todas as imagens utilizadas foram encontradas nos artigos correspondentes.
O Futuro Imaginado
Violência Com Resistência
Recriando Violência
Artigos sobre os Kaingang
Decidi agrupar esses artigos porque estão investidos no futuro dos Kaingang. As histórias compartilhas nessas reportagens são de esperança. É essa esperança que alimenta os desejos e a resistência.
Foto:Cimi Sul
Povo Kaingang retoma terra tradicional em Canela (RS)
Esse artigo acompanha um grupo Kaingang que busca retomar sua terra tradicional na Floresta Nacional de Canela. O ato de ocupação para demarcação é ato que existe para o futuro.
Foto: Ivan César Cima/Cimi Regional Sul
Indígenas Kaingang realizam ato na TI Rio dos Índios, em Vicente Dutra/RS
Na cidade Vicente Dutra, um grupo Kaingang reuniu e plantou 4000 pés de araucária como modo de pressionar a FUNAI, e outros grupos governamentais, a atenderem normas de indenização na terra indígena Rio dos Índios.
Foto: Carlos Macedo / Agencia RBS
Guarita luta para preserva a cultura dos Kaingangs
Esse artigo relata o trabalho da liderança da Terra Indígena Guarita para certificar-se de um futuro Kaingang fundado em costumes tradicionais.
Esse grupo de artigos se diferenciam porque, embora falem das violências cometidas contra os Kaingang, eles incluem as vozes e as histórias de resistência Kaingang.
Foto: Jerônimo Rubim / Arquivo Pessoal
Povos indígenas fazem maifestação po Casa de Passagem em Florianópolis
Essa reportagem enfoca a resistência de indígenas Kaingang, em Florianópolis, em sua luta para criarem uma Casa de Passagem, que disponibilizaria recursos para indígenas recém chegados na cidade.
Estudantes indígenas reivindicam melhores condições na UFSM
Essa publicação compartilha as dificuldades que atingem estudantes Kaingang quando vão parao Ensino Superior, e também dá voz aos Kaingang mostrando o o que precisa acontecer para melhorar a sua situação.
Nos artigos abaixo, vê-se como a imprensa alimenta a opressão dos Kaingang ao falarem da “extinção do índio”.
Aviso: imagens gráficas/ tortura
Polícia Militar agride e tortura famílias Kaingang no Rio Grande do Sul
Famílias Kaingang são espancadas pela Polícia Militar em Passo Fundo, RS
Ambos artigos compartilham um relato oficial sobre atos violentos da Policia Militar cometidos contra famílias Kaingang em Passo Fundo, RS, quando decidiram ocupar terras tradicionais. Esses artigos também incluem imagens das consequências corporais desses ataques.
Grupo Kaingang preso no norte do RS é solto por ordem do STJ; Cimi denuncia arrendamentos
Esse artigo descreve os acontecimentos ao redor de uma detenção infundada de um grupo de lideres Kaingang. Essas detenções são apenas um dos modos com que a opressão de povos indígenas se manifesta no Brasil.
Uma missa para o curumim degoladoe
Essa é um reportagem, com uma linguagem prejorativa, sobre o assassinato de um menino Kaingang de dois anos.
Índios Kaingang buscam melhores condições de vida
Esse artigo, que busca explicar as dificuldades que afetam povos indígenas quando migram para cidades, mantém a representação do “índio pobrezinho” .
Minésterio Público pede a retirada de famílias indígenas de fundo de vale em Londrina
Esse artigo relata a violência governmental contra famílias Kaingang no processo de auto-demarcação de terra.
Criança Kaingang de dois anos morre após ser atingida por roda de carro no RS
Essa publicação fala do atropelamento de um menino Kaingang como um evento sem intenção, ocultando o fato de que atropelamentos são uma pratica contínua.
Esta pagina oferece uma coleta de informação geral sobre os povo Kaingang.
O texto acadêmico, escrito em inglês, mostra como a vida dos Kaingang teve de se adaptar ao colonialismo.
Os Kaingang, o povo do curumim assassinado, em eterna fuga
Esse artigo oferece um amplo contexto histórico através da história do assassinato de Vitor, um menino de dois anos, e sua comunidade em Condá.
Complementando as informações de Francisca sobre a situação atual e a politica do povo Kaingang, eu vou usar meu blog para falar sobre suas artes. Os Kaingang têm uma rica tradição observada em documentos históricos europeus desde os primeiros encontros com eles. Usando uma grande variedade de materias nativos do sul do Brasil, eles fazem tecidos, cestaria, e cerâmica, e, alem disso, armas, instrumentos e utensílios. Uma coisa que me interessa sobre a cultura material dos Kaingang, e que se distancia de minha percepção sobre a arte informada pela tradição europeia, é a maneira pela qual esses objetos reformulam distinções entre as categories do decorativo e do útil.
O grafismo Kaingang, por exemplo, que pode ser observado em todas as mídias, inclusive na pintura do corpo, tem uma importância social e cosmológica, que faz dessas formas geométricas abstratas significativas, além da estética. Como descreve o antropólogo Sérgio Batista dos Santos,
“Os trançados expostos nas cidades, nas feiras de domingo, na beira de estradas ou em qualquer lugar em que esteja um Kaingang, não são apenas wõgfy (trançados em geral, que podem ser kre—cestos—ou tugfy—trançados aplicados a objetos os mais variados, como garrafas, flechas, arcos-): são marcas visíveis da diferença, uma vez que são parte de um Sistema de representações visuais (as formas tradicionais dos kre, os grafismos tradicionais presentes), originados por um tradicional e específico Sistema cultural kaingang. Além disso, seus trançados revelam formas e grafismos vinculados à percepção dual Kaingang do cosmo, enfatizando e sintetizando sua organização social baseada em duas metades.”
Encontrei um vídeo com alguns exemplos do grafismo na cestaria aqui:
Há cerca de 45,000 Kaingang, espalhados no territorio que agora faz parte dos estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
Seus vários dialetos pertencem `a familia linguística Jê. As tensões e divisões entre os sub-grupos Kaingang foram exacerbadas desde o contato inicial com os europeus no século XVI.
A denominação “Kaingang” foi aplicada pelo paranaense, etnógrafo e politico, Telemaco Borba apenas no secúlo XIX para distingui-los do povo Xokleng, com quem eles compartilham uma história comum, mas cuja divergiu. Esse é apenas um dos modos pelos quais sua história foi moldada pelos colonizadores, com quem muitas tribos Kaingang tiveram um contato comparativamente precoce por causa de sua ocupação do litoral.
(Fonte: Sergio Baptista da Silva, “Etnoarqueologia dos Grafismos Kaingang: um modelo para a compreensão das sociedades Proto-Jê meridionais.” Thesis., Universidade de São Paulo, 2001, 168.)